Borracha escolar resolveu mistério dos pergaminhos medievais

Durante muito tempo se acreditou que os pergaminhos ultrafinos eram produzidos com fetos de animais criados apenas para este fim



Bíblias de bolso medievais originárias de França, Inglaterra e Itália foram analisadas por especialistas que tentavam explicar como era possível criar pergaminhos com espessuras tão finas.
Alguns especialistas chegaram a sugerir que o pergaminho ultrafino – com espessura de 0,03 a 0,28 milímetros – era resultado do chamado “velino uterino”, ou seja, pele de fetos bovinos ou de outros animais criados somente para a fabricação desse tipo de pergaminho.
Para desvendar o processo de produção dessas bíblias de bolso, o estudioso de manuscritos antigos, Alexander Devine, e o medievalista da Universidade da Virgínia (EUA), Bruce Holsinger, dividiram um estudo que utilizou uma borracha escolar de PVC para explicar se o material era ou não feito de fetos de animais.
O resultado do estudo foi publicado na última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e atestam que não, as bíblias de bolso da Idade Média e outros pergaminhos ultrafinos não foram produzidos com velino uterino.
A borracha de PVC foi utilizada para “agarrar” as proteínas provenientes do material durante o estudo e assim os pesquisadores puderam saber a origem do material utilizado para produzir os pergaminhos ultrafinos.
“Os nossos resultados sugerem que o velino ultrafino não provém necessariamente do uso de animais abortados ou recém-nascidos com uma pele ultrafina, mas podem [pelo contrário] refletir a utilização de um processo de produção que permitia transformar em velino de igual qualidade e finura a pele de mamíferos em maturação de diversas espécies”, disse a investigadora Sarah Fiddyment, que participou do estudo.
O especialista em conservação de pergaminhos Jirí Vnoucek, que também assina o relatório publicado na PNAS, diz que na Idade Média já era utilizada uma técnica que permitia afinar a pele durante o processo de fabricação dos pergaminhos.
“Claro que as peles de animais mais novos são as melhores para produzir pergaminho fino, mas posso imaginar que toda a pele era utilizada e que nada era jogado fora.” Com informações Público

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