Professor Bambo em tribunal


Vidente terá ameaçado os clientes.  Acusado de extorsão

O senegalês Bambo Guirassy, auto-intitulado ‘Grande Medium Vidente’ Professor Bambo, começou esta segunda-feira a ser julgado no Porto por estar acusado de ter extorquido 16 mil euros a três casais.
Um dos casais, Francisco e Isménia Gonçalves, apresentou queixa contra o arguido e este, depois disso, devolveu-lhe já os 7.500 euros que lhe haviam sido pagos por conta da consulta e do tratamento alegadamente prestados em 2008 e no ano seguinte.
Isménia e o marido disseram em tribunal que procuraram os serviços do professor Bambo numa altura em que enfrentavam grandes dificuldades na quinta onde trabalhavam, em Alijó.
"Fizeram-nos a vida negra lá na quinta", recordou Isménia, que hoje se encontra desempregada.
O filho, que também lá estava empregado, foi despedido e ela e o marido tiveram igual sorte mais tarde.
PASSAM DOIS CHEQUES "PARA SAÍREM DA MISÉRIA" 
O casal ouviu falar de Bambo na Rádio Voz de Lamego e tentou a sua sorte marcando também uma consulta, em agosto de 2008.
"Mestre Africano, com mais de 28 anos de experiência, resolve com eficiência problemas de família, amor, trabalho, heranças, complicações com filhos entre outros", publicita Bambo em meios diversos.
Francisco e Isménia Gonçalves acreditaram que o professor podia ter o remédio para os seus males e, por telefone, marcaram então a consulta.
O encontro deu-se no Porto e o casal pagou por "40 euros", o que os surpreendeu, segundo afirmaram, porque lhes tinham garantido que era gratuita.
O pior, porém, de acordo com os Gonçalves, foi quando Bambo, após a consulta, se virou para eles e disse que tinham de lhe passar dois cheques, justificando que era "para trazer sorte para saírem da miséria em que estavam".
Isménia acedeu e passou então dois cheques, um de 4.000 euros e outro de 3.500 euros."O segundo cheque foi o professor Bambo que o acabou de preencher", contou, tendo realçado que saiu dessa primeira consulta "aterrorizada".
Segundo contaram, o vidente ameaçou-os, dizendo que podiam "correr riscos" se falassem.
Isménia e o marido afirmaram que, na consulta, Bambo falou em francês na parte inicial, sendo as suas palavras traduzidas por um intérprete, e mais tarde, após este sair, "falou em português várias vezes".
Hoje, Bambo exprimiu-se sempre em francês e o tribunal precisou de uma tradutora.
O casal não viu, contudo, os seus problemas resolvidos. Apresentou queixa na GNR contra Bambo e reclamou deste a devolução dos 7.500 euros que lhe entregaram.
O astrólogo devolveu-lhes todo o dinheiro, mas negou ter ameaçado os seus clientes ou exercido qualquer tipo de pressão sobre eles.
"SOU UMA PESSOA DE PAZ"
Interrogado pela juíza presidente do coletivo que o julga desde hoje, Paula Pires, o arguido alegou que antes de vir para Portugal, em 1998, trabalhou "14 anos em França e na Bélgica" e também realçou que "não é coerente" publicitar os seus serviços e depois pressionar os seus clientes.
"Sou uma pessoa de paz. Nunca ameaçaria os clientes, não sou assim", afirmou Bambo, negando, ainda, ter alguma vez usado um tom agressivo com o casal Gonçalves, como consta da acusação.
Quanto aos dois cheques passados em seu nome, respondeu que houve "acordo" entre as duas partes.

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