Conclave para eleger novo Papa pode começar antes de 15 de março

O Papa Bento XVI é acompanhado durante a Missa de Quarta de Cinzas, no Vaticano (Foto: Reuters)
O conclave para eleger o sucessor de Bento XVI, que decidiu renunciar por "falta de forças", pode começar antes de 15 de março, indicou neste sábado o porta-voz do Vaticano, o jesuíta Federico Lombardi.
Segundo a constituição apostólica, o conclave deve começar "entre um mínimo de 15 dias e um máximo de 20" desde que for decretada a chamada "sede vacante", fixada para o dia 28 de fevereiro às 20h00 locais, o momento em que Bento XVI escolheu para abandonar o posto.
"A situação desta vez é diferente, porque a constituição fala de 15 a 20 dias para dar tempo para os cardeais chegarem a Roma. Neste caso, é possível que todos os cardeais tenham chegado e não seja preciso esperá-los. A constituição pode ser interpretada", disse Lombardi.
O tema está sendo debatido pelos próprios cardeais e "é possível que nossas autoridades submetam à votação este tema no mesmo dia em que começar a 'sede vacante'", disse.
Os cardeais estão "profundamente afetados" após a decisão de renunciar de Bento XVI e tentam "focar o alcance e o significado deste gesto", acrescentou o porta-voz do Vaticano.
No total, 117 cardeais terão direito a voto (por terem menos de 80 anos) no conclave que elegerá, dentro da Capela Sistina, o novo Papa com uma maioria de dois terços.
João Braz de Aviz, Raymundo Damasceno Assis, Cláudio Hummes, Geraldo Majella Agnelo e Odilo Pedro Scherer representarão o Brasil, em um conclave que contará com 19 cardeais latino-americanos dos 117 totais.
Com a aproximação do dia 28 de fevereiro, quando deixará o posto, o papa Bento XVI começa a se despedir simbolicamente de chefes de Estado e de governo, depois de ter realizado nesta semana sua última missa pública como pontífice, na Quarta-Feira de Cinzas na basílica de São Pedro.
Neste sábado, o Papa se reuniu com o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, no que se converteu uma despedida simbólica da América Latina.
Bento XVI recebeu o presidente guatemalteco às 11h00 locais (08h00) em um encontro a portas fechadas que durou 25 minutos.
Mais tarde, o pontífice receberá o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, e no próximo sábado se encontrará com o presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano.
Após sua renúncia, Bento XVI se dirigirá à residência de verão dos Papas, em Castelgandolfo, nos arredores de Roma, onde permanecerá por cerca de dois meses, disse Federico Lombardi.
"Acredito que permanecerá ali até o fim de abril ou o início de maio, enquanto reformam a nova residência do Vaticano", afirmou.
A nova residência de Bento XVI será um monastério dentro do Vaticano, onde seu secretário pessoal, o religioso alemão Georg Ganswein, também viverá, além de várias freiras que trabalham a seu serviço.
A coabitação de dois Papas dentro do Vaticano é um fato inédito, mas segundo afirmou Lombardi nesta semana, Bento XVI "viverá no Vaticano com total discrição".
"Sua presença não será um impedimento, uma interferência ou um problema", assegurou.
Ao mesmo tempo, o porta-voz afirmou que a presença de Bento XVI, de 85 anos, será sentida e apreciada dentro da Igreja e não descartou um papel de conselheiro para o futuro ex-Papa, que poderá receber ainda outro título, como de "Papa Emérito".

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