Após renúnia ao papado, Bento XVI deve permanecer no Vaticano para não responder na Justiça por crimes da Igreja

Após renúnia ao papado, Bento XVI deve permanecer no Vaticano para não responder na Justiça por crimes da Igreja
O jornalista britânico Geoffrey Robertson, autor do livro “O Papa é o Culpado?”, afirmou que após a renúncia ao pontificado, Joseph Ratzinger poderá responder na Justiça por abusos que a Igreja Católica teria cometido durante sua gestão.
Especialista em temas relacionados ao catolicismo, o jornalista afirma que Ratzinger teria responsabilidade em “crimes contra a humanidade” desde 1981, quando passou a comandar a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), órgão do Vaticano que fiscaliza a conduta dos padres. O jornalista afirma ainda que, embora os arquivos daquele tempo sejam sigilosos, cartas do alemão surgiram em vários processos judiciais nos Estados Unidos, sempre defendendo padres pedófilos e estupradores.
De acordo com o Jornal do Brasil, o jornalista explica que ao deixar o papado, Bento XVI perderá sua imunidade como chefe de estado, e pode responder por crimes cometidos por sacerdotes católicos que estavam sob sua liderança.
- Como um chefe de Estado – o que, na prática, é o Vaticano – o papa Bento XVI tem imunidade. Mas isso mudará após sua renúncia. Muitas vítimas molestadas por padres protegidos pelo Cardeal Ratzinger gostariam de processá-lo pelos estragos de sua negligência. Ao sair do Vaticano, um tribunal cuidará desses casos – escreveu Robertson.
Porém, uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo revelou que Joseph Ratzinger ficará dentro do Vaticano depois de sua renúncia, o que garantiria a manutenção de sua imunidade, evitando que o religioso enfrente a justiça. A justificativa para sua permanência no Vaticano é a de garantir sua tranquilidade para rezar e estudar pelo resto de seus dias, mas fontes na Santa Sé confirmaram que a manobra garantirá sua imunidade legal, blindando o pontífice de qualquer tipo de processo que eventualmente seja lançado sobre os escândalos de pedofilia que assolaram a Igreja nos últimos dez anos.
Outro motivo para que o papa permaneça dentro da Santa Sé, mesmo diante da polêmica em relação a ter dois papas dentro do mesmo território, é o de não criar um segundo lugar de peregrinação, o que acentuaria a existência de dois papas. O temor é que, se ele optasse por ir a um monastério na Alemanha, o local poderia acabar se transformando em atração para os fiéis.
Mas, segundo a Folha, o aspecto mais importante da decisão de ficar dentro do Vaticano seria suas garantias jurídicas e sua capacidade de manter sua imunidade. A Igreja diz não acreditar que processos contra o papa possam surgir. Mas, diante de uma série de casos polêmicos em vários países, a opção foi por não arriscar.

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